Pesquisas feita pelo Departamento de Nutrição da Universidade de São Paulo, em parceria com a Embrapa, comparando a quinoa andina com a produzida aqui, comprovaram um perfil de proteínas de 90% em ambas. A quinoa brasileira contém mais fibras, contendo 13% contra 8,5% na andina. Os resultados indicam grandes semelhanças genéticas com a original, prometendo um futuro promissor para o cultivo no Brasil.
• A composição pode variar um pouco, pois existe uma diversidade de sementes. • Fonte: FAO – Food and Agriculture Organization.
A FAO – Food and Agriculture Organization, que é um braço das Nações Unidas encarregado da alimentação, diz que a quinoa é uma das comidas mais completa do planeta.
A Quinoa, ou Quinua Real, como também é conhecida, é um grão originário da Bolívia e com alto poder nutritivo. Possui proteína de alta qualidade, baixo teor de colesterol, além das grandes quantidades de vitaminas e minerais presentes. O sabor é leve, semelhante à soja e a cada dia conquista espaço na mesa dos brasileiros.
Não é cereal, nem leguminosa
Quando a descobriram e passou a ser consumida diariamente pelos incas, há mais de 8 mil anos, a quinoa era chamada de “grão de ouro” e “mãe dos seres humanos”. Hoje dá para saber que isso não foi à toa, afinal o vegetal traz 23% de proteínas em sua composição, além de uma concentração importante de fibras e potássio. Na época, era considerado o item principal da dieta daquele povo das montanhas.
Com sabor leve e algo parecido com a soja (aliás, a quinoa vem sendo celebrada como a nova versão da leguminosa), o grão agora é reconhecido por sua importância nutricional e conquista espaço na mesa do brasileiro, na forma de pratos doces e salgados para lá de nutritivos.
Fonte de Saúde
Estudos afirmam que seu valor protéico só pode ser comparado ao do leite materno, deixando para trás alimentos como a carne, os ovos e o peixe. O pseudocereal, como é classificado, é riquíssimo em substâncias relacionadas ao desenvolvimento da inteligência, à rapidez de reflexos e a funções como a memória e o aprendizado. “É excelente para as dietas vegetarianas, pois tem mais aminoácidos do que a maioria dos cereais”, explica a nutricionista Cynthia Antonaccio (SP), da Equilibrium Consultoria em Nutrição e Bem-Estar.
Contém fibras e vitaminas
Boa fonte de fibras e com baixo teor de colesterol. As fibras colaboram com o bom trabalho intestinal, ajudam no controle dos níveis de colesterol e glicemia no sangue, entre outras funções importantes para o organismo. Outra vantagem da quinoa é não ter o glúten em sua composição, dessa forma as pessoas com intolerância ao glúten, a chamada doença celíaca, tem mais uma opção de alimento.
O grão contém as vitaminas: A, B6, B1, C e E, além de ferro, fósforo, magnésio e cálcio. “E ainda pode complementar a dieta de atletas, gestantes, bebês e portadores de desnutrição”, sugere a especialista. Tem mais: como não contém glúten, é uma alternativa para os portadores de doença celíaca. “Sem falar que auxilia na manutenção do sistema imunológico, no tratamento de problemas hepáticos, da anemia e do diabetes.”
Menopausa e osteoporose
A quinoa é uma fonte poderosa de fitoestrógenos, substâncias que auxiliam na prevenção do câncer de mama e afastam o risco de osteoporose pois contribuem para a absorção do cálcio dos alimentos, ajudando ainda no combate das doenças típicas da menopausa. Pesquisadores da Universidad Mayor de San Andrés, na Bolívia, aliás, acreditam que a ausência de casos de osteoporose na região dos Andes tem a ver com o alto consumo do cereal, sobretudo quando confrontada com os índices da doença nas áreas urbanas.
Por aqui, a nova soja ainda é um produto caro, já que grande parte da quinoa consumida em território nacional é importada e orgânica. O engenheiro agrônomo Carlos Spehar, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), conheceu o pseudocereal na década de 70 e foi um dos responsáveis pela introdução das sementes no Brasil. Suas pesquisas com a planta têm cerca de 15 anos, quando havia pouca informação no país. O trabalho pioneiro já produziu frutos: a primeira colheita comercial no Brasil aconteceu em 2002, em Planaltina (DF). “Hoje temos produtores prontos para iniciar o cultivo. E o item final deve chegar ao consumidor por um preço quatro vezes menor do que o importado”, estima.
Soja x Quinoa
Nem substituta nem concorrente. “É tão saudável quanto a soja, apesar de não ter as mesmas quantidades de proteínas do que ela ou do que o feijão”, esclarece a nutricionista Cynthia Antonaccio. Consumi-la três vezes por semana é o ideal para obter benefícios. E dá para variar bastante: é só incluir na salada, no iogurte ou em um cuscuz de vegetais. Compare os valores nutritivos da quinoa e da soja.
Porção (100 g) | Quinoa | Soja |
Calorias (cal) | 350 | 449 |
Carboidrato (g) | 59,8 | 22,1 |
Gordura (g) | 5,37 | 22,1 |
Fibras (g) | 5,1 | 8,13 |
Proteína (g) | 14,16 | 40,5 |
Cálcio (mg) | 66,6 | 232 |
Fósforo (mg) | 408,3 | 472 |
Magnésio (mg) | 204,2 | 241 |
Potássio (mg) | 1.040 | 740 |
Ferro (mg) | 10,9 | 8,5 |
Zinco (mg) | 7,47 | 1,08 |
Em grãos, pode ser preparada como o arroz. A farinha substitui tanto o trigo como a aveia e é usada em massas, pães e biscoitos. O floco geralmente entra no preparo de saladas e de cereais matinais.
Fonte Embrapa