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Erva Mate (Ilex Paraguayensis)

By 24 de fevereiro de 2011Nutrição

Tem-se se observado que em todos os cantos da Terra, um acentuado pendor do homem pelas plantas cafeníferas. Não fugiram a dessa regra, os índios primitivos da parte meridional do nosso continente, que descobriram a nossa erva mate (Ilex Paraguayensis), pertencente ou grupo das Aquifoliácea, como os da parte setentrional do continente que descobriram essa propriedade estimulante no cacau, outros no guaraná, os médios – orientais no café, os extremos orientais no chá etc.
Mas seus efeitos estimulantes não podem ser atribuídos apenas aos alcalóides da cafeína e da teobromina, mas sim das vitaminas, dos sais minerais e de outras mais famílias de substâncias que formam a erva mate. Nosso trabalho está disposto a esclarecer mais sobre estas substâncias, pelo fato de estarem em maior teor, e seus efeitos fisiológicos, sem deixar de lado a parte histórica, as origens e a parte de beneficiamento da planta.

A Lenda

Conta a lenda que a árvore de onde se colhe a folha para produzir a bebida amarga adorada por tantos gaúchos só surgiu no mundo depois de um pedido muito especial feito a Tupã o grande deus indígena.
Em algum lugar no meio das coxilhas vivia aquerenciada uma tribo guarani cujo cacique tinha muita fama de valentia, bravura e sabedoria. Era um exemplo para seus comandados. Todos os índios queriam ser como ele, lutar como ele, caçar como ele, ter o conhecimento de tudo o que ele sabia. Outro motivo de orgulho para o cacique era a sua linda e formosa filha, Caá-Yari, muito admirada pelos jovens guerreiros.
Mesmo com tantas razões para ser um homem altivo e feliz, o chefe índio andava acabrunhado. Triste. Uma tristeza vinda lá do fundo da alma. O cacique estava se enveredando pelos caminhos da velhice e tinha medo de ficar sozinho
Além disso, estava preocupado com sua sucessão. Não tinha filho homem e precisou escolher para sucedê-lo o mais valoroso entre os guerreiros da tribo. Justo o bravo pela qual sua filha Caá-Yari estava apaixonada. Era um grande problema a afligi-lo.
Pela lei dos guaranis, a mulher do chefe da tribo tinha de acompanhá-lo em quaisquer de suas viagens, fossem caçadas, fossem batalhas, fossem missões de paz ou a busca de novas terras. Assim, se Caá-Yari casasse com o guerreiro escolhido para se tornar o novo cacique, muitas vezes teria que se ausentar da tribo. Com a filha longe, o velho chefe não sabia se ia agüentar continuar vivendo. Caá-Yari conhecia as apreensões do pai. E para não magoá-lo, a bela índia amava seu adorado em segredo. A filha zelosa sabia que, só com o pensamento de vê-la longe, o cacique caía numa melancolia danada. O desprendimento de Caá-Yari era percebido pelo chefe indígena. Sua dor e angústia eram tantas que decidiu procurar Tupã, o deus dos deuses, aquele que costuma ordenar todas as coisas do mundo. O cacique tinha consciência de que não poderia exigir a presença da filha ao seu lado para sempre e pediu a Tupã que lhe escolhesse um companheiro para as horas de solidão
Como forma de atender o pedido, o grande cacique do Céu mostrou ao cacique da Terra uma árvore grande, de folhas verdes. Dessa árvore o chefe índio retiraria, secaria e torraria as folhas, fazendo com elas uma bebida amarga e quente, mas deliciosa. Seria sua companhia para quando ninguém estivesse junto a ele. Para preencher o vazio da saudade. E assim foi criada a erva-mate.
Tupã também ensinou o cacique a partir o porongo e a fazer um canudo de taquara. Junto com a erva, surgiram a cuia e a bomba do chimarrão.
Arraigando-se ao hábito da nova companhia, o cacique pôde finalmente confirmar seu sucessor como legítimo líder da tribo e, ao mesmo tempo, abençoar a união dele com sua filha. Agora, quando os dois jovens estivessem longe, o velho índio teria sempre ao seu lado o antídoto para espantar a tristeza.Por ter sido a razão principal do surgimento da erva-mate, Caá-Yari passou a ser a padroeira e protetora dessas árvores. Desde então, a lenda foi sendo contada de geração em geração. Uma história que passou a rechear a prosa nas rodas de chimarrão.

História

O uso desta planta como bebida tônica e estimulante já era conhecido pelos aborígenes da América do Sul. Em túmulos dos pré-colombianos no Peru, foram encontradas folhas de erva mate ao lado de alimentos e objetos, demonstrando o seu uso pelos incas.
A tradição do chimarrão é antiga. Soldados espanhóis aportaram em Cuba, foram ao México “capturar” os conhecimentos das civilizações Maia e Azteca, e em 1536 chegaram à foz do Rio Paraguay. No local, impressionados com a fertilidade da terra às margens do rio, fundaram a primeira cidade da América Latina, Assunción del Paraguay.
Os desbravadores, nômades por natureza, com saudades de casa e longe de suas mulheres, estavam acostumados a grandes “borracheras” – porres memoráveis que muitas vezes duravam a noite toda. No dia seguinte, acordavam com uma ressaca proporcional. Os soldados observaram que tomando o estranho chá de ervas utilizado pelos índios Guarany, o dia seguinte ficava bem melhor e a ressaca sumia por completo.
Assim, o chimarrão começou a ser transportado pelo Rio Grande na garupa dos soldados espanhóis. As margens do Rio Paraguay guardavam uma floresta de taquaras, que eram cortadas pelos soldados na forma de copo. A bomba de chimarrão que se conhece hoje também era feita com um pequeno cano dessas taquaras, com alguns furos na parte inferior e aberta em cima. O comerciante Rômulo Antônio, dono da Casa do Chimarrão, em Passo Fundo, há mais de 20 anos, explica que os paraguaios tomam chimarrão em qualquer tipo de cuia. “Até em copo de geléia”, diz. São os únicos que também têm por tradição tomar o chimarrão frio… O “tererê” paraguaio pode ser tomado com gelo e limão, ou utilizando suco de laranja e limonada no lugar da água.
Os primeiros jesuítas estabelecidos no Paraguai (posteriormente nas missões), fundaram várias feitorias, nas quais o uso das folhas de erva mate já era difundido entre os índios guaranis, habitantes da região. Posteriormente observou-se que os indígenas brasileiros, que habitavam as margens do rio Paraná, utilizavam-se igualmente desta Aquifoliácea. Outras tribos não localizadas em regiões de ocorrência natural da essência, possuíam o hábito de consumi-la, obtendo-a através de permuta (trocas).
Método de preparo:Abaixo, alguns conceitos importantes para métodos de preparo e aplicação de plantas medicinais.
Chá – fervura após esmagamento
Infusão – derrama-se água fervendo e deixa-se bem fechado em repouso por 10 min.
Cozimento – água fria sobre a erva picada, aquecimento 5-10 min.
Maceração – Erva de molho em água fria ou cachaça, de 10 a 24 horas, coar
Suco – Moer e coar na hora, sem deixar envelhecer
Cataplasma – ao natural, secas em bolsas frias ou quentes, em pasta ou compressa
Unguento – ervas trituradas juntas misturadas com gordura vegetal de coco ou amendoim
Clister – aplicação do líquido medicamentoso pelo ânus, vagina ou uretra com uma seringa sem agulha
Tintura – erva cortada em pedaços, guardada em garrafa com cachaça ou álcool em lugar seco e fresco
Elixir – solução de diversas plantas em álcool
Cataplasma Revulsivo – cataplasma aplicado num órgão importante para remover a inflamação para outra parte do corpo menos importante ou perigosa.

Propriedades Químicas: Do ponto de vista químico, o Ilex paraguariensis (erva mate) pode ser apreciado sob o aspecto químico bromatológico ou como matéria-prima de vários subprodutos. Muito tempo antes de ser conhecida a sua composição química, já os indígenas utilizavam a erva mate não só atraídos pelo paladar da bebida preparada, mas principalmente por conhecerem suas virtudes, em que se destacava a propriedade de aumentar a resistência à fadiga e por mitigar (amasiar) a sede ou a fome.
Estudos indicam como constituintes da erva mate os seguintes compostos: água, celulose, gomas, dextrina, mucilagem, glicose, pentose, substâncias graxas, resina aromática, legumina, albumina, cafeína, teofilina, cafearina, cafamarina, ácido matetânico, ácido fólico, ácido caféico, ácido virídico, clorofila, colesterina e óleo essencial.Nas cinzas encontram-se grandes quantidades de potássio, lítio, ácidos fólicos, sulfúrico, carbônico, clorídrico e cítrico, além de magnésio, manganês, ferro, alumínio e traços de arsênico.
A cafeína, teofilina e teobromina são três alcalóides, estreitamente relacionados, encontrados na erva mate e são os compostos mais interessantes sob o ponto de vista terapêutico. O teor de cafeína na erva atinge em média 1,60% enquanto que nas infusões o valor médio é de 1,10% A cafeína, teofilina e teobromina são três alcalóides, estreitamente relacionados, encontrados na erva mate e são os compostos mais interessantes sob o ponto de vista terapêutico. O teor de cafeína na erva atinge em média 1,60% enquanto que nas infusões o valor médio é de 1,10%.
Enzimas

O mate entra em fermentação espontânea devido as enzimas oxidase e peroxidase nele presentes. A erva comercial é preperada de modo a se evitar a fermentação das folhas mediante flambagem das mesmas logo após o colhimento. A peroxidase é o catalisador essencial dos sistemas de oxidação dos vegetais. Ela torna a oxidase capaz de oxidar as substâncias fenólicas. Assim, as duas enzimas só são úteis juntas. Os princípios dos mate-alcalóides estão em maiores percentagens nas folhas novas do que nas velhas. Com um correto processamento da erva, obstem-se um produto de propriedades nutritivas e terapêuticas superiores, considerando-se as enzimas nele contidas, porém, as propriedades gustativas do mate são alteradas.

Propriedades Terapêuticas

Do ponto de vista químico, o Ilex paraguariensis (erva mate) pode ser apreciado sob o aspecto químico bromatológico ou como matéria-prima de vários subprodutos. Muito tempo antes de ser conhecida a sua composição química, já os indígenas utilizavam a erva mate não só atraídos pelo paladar da bebida preparada, mas principalmente por conhecerem suas virtudes, em que se destacava a propriedade de aumentar a resistência à fadiga e por mitigar (amasiar) a sede ou a fome. A cafeína, teofilina e teobromina são três alcalóides, estreitamente relacionados, encontrados na erva mate e são os compostos mais interessantes sob o ponto de vista terapêutico.

Os Alcalóides

A cafeína é um alcalóide, um pó branco cristalino muito amargo. Juntamente com a teofilina e a teobromina fazem parte do grupo das Xantinas. As xantinas são bases nitrogenadas da mesma classe (alcalóides) em que se incluem a atropina, cocaína, efedrina, morfina, quinina, nicotina e várias outras, todas relacionadas a grande variedade de ações fisiológicas. A estrutura mais simples referida como xantina corresponde à 2,6 – dioxipurina. O grupo das xantinas inclui vários compostos em que elas se encontram ligadas a outros resíduos. Entre eles, destacan-se a teofilina (1,3 dimetilxantina), a teobromina (3,7 dimetilxantina) e a cafeína (1,3,7 trimetilxantina.

A xantina não-ligada é encontrada na maior parte dos tecidos e líquidos do organismo dos mamíferos. Nas plantas, predominam as formas ligada. As folhas de chá (Thea sinensis) são particularmente ricas em teofilina; as sementes de cacau contêm de 0,7% a 1,2% de teobromina; a cafeína corresponde de 1% a 2% do peso da semente de café e atinge 4% a 5% do peso da semente de guaraná. São encontradas, em menores proporções, em inúmeras outras plantas, como por exemplo na erva mate. Os efeitos maléficos e benefícios das xantinas em nosso organismo já foram estudos e ainda são objetivo de pesquisas. Elas atuam como diuréticos, relaxantes do músculo liso, estimulante cardíaco e vasodilatadores; a cafeína tem ação particularmente acentuada como estimulante do SNC (sistema nervoso central). São usadas para fins para fins terapêuticos, tantos através de fontes naturais com de formulações feitas a partir de substâncias isoladas e purificadas. O consumo excessivo, porém, pode acarretar palpitações, convulsões, dores de cabeça e de estômago, insônia, perda de apetite, náusea, vômito, depressão, falta de potência, entre outros problemas.
Os alimentos ricos em xantinas encaixam-se na classificação de nutracêuticos e, como tal, estão sujetios a critérios especiais e limites para o consumo.

Fonte:

Amazile Biagioni Maia
Departamento de Ciências Biológicas e da Saúde,
Centro Universitário de Belo Horizonte (Uni – BH)
Texto retirado da revista “Ciência Hoje”, Novembro de 2001 – página 7.Verificou-se conterem as ervas de Mato Grosso, em média, maiores taxas de alcalóides totais do que as ervas do planalto Paraná – Santa Catarina – RGS (veja tabelas comparativas abaixo).Teor de Cafeína e Teobromina na Erva Mate (Ilex Paraguayensis)Pesquisas feitas comprovaram que nas Regiões Sulinas (Paraná juntamente com o RS) possuem em sua erva mate teor de cafeina menor e teor de teobromina maior em relação a erva mate do Mato Grosso. Podemos fazer uma conclusão de que os teores de alcalóides diminuem com a idade da planta. Em curto prazo, a cafeína impede que você durma porque bloqueia a recepção de adenosina; lhe dá mais “energia”, pois causa a liberação de adrenalina, e lhe faz sentir melhor, pois manipula a produção de dopamina. Caso a pessoa seja uma freqüente consumidora de cafeína, quando deixar repentinamente de consumir, sentira provavelmente dor de cabeça em função da dilatação excessiva dos vasos sangüíneos da cabeça que eram antes comprimidos pela cafeína. Muita gente pode pensar que a concentração de alcalóides não influi em nada, veja os exemplos de contaminações por tóxicos naturais de alguns vegetais.

O tomateiro contém um alcalóide denominada tomatina. Esta substância tóxica é encontrada em toda a planta, com maior predominância nas flores. A tomatina só existe no tomate verde. Durante o amadurecimento, é convertida numa substância denominada alopregnenolona, não tendo mais a tomatina que desapareceu. Outro caso no qual os alcalóides são maléficos a saúde, a batateira, existem os alcalóides solaninas e chaconinas. Quando a batata é cortada ou sofre outro tipo de ação mecânica, ela produz, com colaboração da luz solar, a síntese desses alcalóides. Estes multiplicados 15 a 30 vezes o nível normal, inibem a ação de uma enzima do tecido nervoso e cardíaco, verificando-se dificuldades respiratórias, sonolência, tonturas ou mesmo alucinações. Em poucas palavras, é na somação destes inúmeros constituintes, pela ação isolada de uns, sinergética de outros, que residem as virtudes incontestáveis da nossa famosa erva mate.

Bibliografia

– Keys, J.D. (1993) Chinese Herbs – their botany, chemistry and pharmacodynamics, 3a Ed., Tokio: Charles E. Tuttle Company.
– Souza, MP, Matos, MEO, Matos, FJA, Machado, MIL, Craveiro, AA Constituintes Químicos Ativos de Plantas Medicinais Brasileiras, Editora da UFC: Fortaleza, 1991, 415pp.
– Silva, J.G., Pereira, N. (1981/1982) Atividade Hipoglicemiante de um extrato do epicarpo de romã, Oreades, vol. 08, n° 14/15.
– Matos, FJA, Farmácias vivas, 2a Ed., Fortaleza: UFC.
– Perez, C, Anesini, (1993) Screening of plants used in Argentine folk medicine for antimicrobial activity, J Ethnopharmacol. 39(2): 119-28.

Reprodução parcial do trabalho realizado na disciplina “Extração de óleos Essenciais e Plantas medicinais” na Universidade de Caxias do Sul no ano de 2000

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